Acordei de madrugada quando nada disto seria de prever, logo hoje num dia comemorativo para mim. Estávamos no final de um evento cultural qualquer, ela arrumava objetos e eu observava, decidi participar e ajudar, assim como outros o faziam. De um momento para o outro éramos apenas nós os dois naquele corredor longo e frio. Mesmo sem qualquer diálogo, ela conduzia o carrinho porta-paletes e eu ajudava. Depois uma caixa, outra e algumas manobras, éramos uma dupla muda mas com grande eficácia. Os trabalhos estavam a terminar e ela carregava com as mãos alguns objetos de pequena dimensão e eu aproveitava a oportunidade tão rara nos últimos anos de a admirar. Decidi por fim ir embora sem qualquer abordagem ou frase trocada, quando para surpresa minha ela falou comigo e pediu para me acompanhar. Caminhávamos na rua, sem dizer nada, Sofia começou a tentar explicar coisas do passado, porque foi assim entre nós e porque nunca aconteceu nada do que poderia ter acontecido. Agora somos maduros e
O amor platónico ou amor ideia deve seu nome a Platão. Para ele o mundo real é apenas reflexo da ideia, não se realiza, é mais forte do que o amor materializado, possível, concreto. Esse tipo de amor, que se baseia no impossível, é comum na adolescência e envolve a mistificação do ser amado. Por ser difícil de se realizar, este é um sentimento desesperado, melancólico, solitário. Eu tenho um amor platónico, começou na adolescência e prolonga-se até hoje.